quarta-feira, agosto 30, 2006

Companhia das Lezírias cria Fundação aberta a privados

Contrato com a Parpública vai ser negociado para acomodar queixas do Tribunal de Contas. Novo modelo integra a Coudelaria Nacional na nova Fundação.
A Companhia das Lezírias (CL) vai criar uma Fundação aberta a privados e que acomodará o Serviço Nacional Coudélico. O modelo decorre do novo plano estratégico da empresa, ontem apresentado, e deita por terra as outras alternativas: criação de uma EPE que integrasse – sob uma lógica privada – a Coudelaria Nacional e a Companhia das Lezírias, ou a separação total dos dois organismos.

A nova fundação será financiada por privados, mas por enquanto ainda não há investidores. Apenas alvos preferenciais: banca, mecenas, sociedade civil e as câmaras, garantiu ontem o ministro da Agricultura. “A nova fundação deve constituir um exemplo de gestão com uma lógica empresarial”, acrescentou ainda Jaime Silva, “com o objectivo de envolvê-las na preservação do cavalo lusitano”. O Serviço Nacional Coudélico sai assim da tutela do Estado – no âmbito da reforma da administração pública – e é extinto nos seus actuais moldes. Quanto ao destino dos seus funcionários, ainda está tudo em aberto. Segundo Vítor Barros, presidente da CL, alguns “poderão ficar como um quadro residual da Função Pública até à sua reforma. Ou ser encontrada uma solução mista”, sublinhou ao DE.
As apostas para o futuro:
Reequacionar estratégias para adaptar a empresa ao fim dos subsídios
Actualmente, a CL conta com dois milhões de euros anuais em subsídios, uma verba que deverá sofrer uma redução substancial com o fim do IV Quadro Comunitário de Apoio em 2013. Apesar das mudanças, Jaime Silva garante que a empresa não será privatizada nos próximos anos. “Vai ficar em mãos nacionais e a sua gestão terá uma lógica lucrativa”, servindo de modelo para outras empresas do Estado.
Aposta na carne de vaca biológica e no azeite de alta qualidade
Os novos projectos passam também pela produção e comercialização de azeite de alta qualidade, bem como pelo fornecimento de carne de vaca biológica (vitelão biológico), que será lançada em grandes superfícies. Desde 2005 que a CL já fornece carne com selo de qualidade ao Carrefour, superfície que passará a receber também carne de vaca biológica em Setembro. A CL conta já com 3.500 bovinos.
Nova marca de arroz com o selo da Companhia das Lezírias
“Está previsto no mês de Setembro o lançamento do arroz carolino Companhia das Lezírias”, uma aposta que, acrescentou Jaime Silva, responde ao elevado consumo per capita de arroz em Portugal, um dos mais elevados da Europa. Os cerca de 220 hectares das Lezírias ocupados pela exploração de arroz pertencem à Orivárzea, com uma produção anual de cerca de 220 mil toneladas. Para além da Milupa, a Nestlé poderá juntar-se à lista de clientes.
Aposta no vinho e reordenamento da àrea destinada à produção de cortiça
Num futuro próximo, a produção de vinho nas Lezírias passará a ocupar mais 25 hectares, numa àrea que era até agora destinada a eucaliptos. O ordenamento florestal da zona também será alterado para evitar a sobrexploração da cortiça, ordenando assim os 6.500 hectares de montado de sobro. Um dos objectivos da nova estratégia passa por reduzir o peso da cortiça nas receitas da Companhia, diversificando as fontes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem manda na companhia das lezirias à muito tempo é o Amorim.
Quem é que compra cortiça sem ser ele?? Mais ninguém. Os lavradores podem ver 3 ou 4 a oferecer pela cortiça, mas são todos mandados pelo mesmo. O rei da cortiça tem participações em quase todas a industrias tarnsformadoras. Domina todos os maiores distribuidores de produtos acabados em todo o mundo.
A CMVM em vez de andar a estudar o monopólio da GALP, que já toda a gente sabe que o é, havia era de estudar o que se passa no sector da cortiça. Está montada uma oligarquia para esconder um grande monopólio.